De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer de mama é o mais comum entre mulheres, com 24,5% entre todos os tipos, e o que mais mata. O momento do diagnóstico traz vários questionamentos sobre o futuro, principalmente para as mulheres que desejam ter filhos, para as que estão grávidas ou para as lactantes. A Federação Brasileira de Instituições Filantrópicas de Apoio à Saúde da Mama (Femama), avalia que 3% dos diagnósticos de câncer de mama são realizados durante a gravidez.
Gravidez
Durante o tratamento
A médica mastologista do Instituto Mário Penna, Dra. Ana Luiza Freitas, explica que antes de iniciar o tratamento do câncer é necessário avaliar em qual período da gestação a mulher está. “No primeiro trimestre, não é possível iniciar os procedimentos sem gerar riscos ao bebê. As medicações da quimioterapia, ou a anestesia geral para uma cirurgia, podem gerar malformações no feto, e até mesmo um aborto espontâneo”.
No segundo e terceiro trimestre, já é possível iniciar o tratamento. As medicações não influenciam mais na formação do bebê e, se necessário realizar a cirurgia, ela é agendada no período pós-parto.
Dra. Ana Luiza explica também que, com o diagnóstico durante a gravidez, a mulher deve ser acompanhada pelo mastologista, por um médico oncologista e por um obstetra. “A equipe deve estar sempre alinhada. O obstetra deve programar o parto de acordo com um intervalo específico do tratamento, em decisão conjunta com os outros especialistas”.
Pós-tratamento
A quimioterapia pode gerar dificuldades para engravidar em qualquer idade. As medicações utilizadas podem reduzir a fertilidade e, em alguns casos, adiantar a menopausa. Por isso, uma das recomendações é o congelamento de óvulos antes do início do tratamento, caso a mulher tenha o desejo de engravidar.
A mastologista Ana Luiza Freitas conta que nos primeiros dois anos após o tratamento não é recomendado engravidar. “Nesse período deve ser realizado um acompanhamento para ver se as intervenções foram eficazes, e se não há doença residual”.
Além disso, para as mulheres que fazem o tratamento de hormonioterapia após os outros procedimentos, é necessário interromper o uso desses hormônios para engravidar. Porém, grande parte dos especialistas aconselham finalizar esse ciclo para iniciar uma gestação.
Amamentação
Durante o tratamento
“Pacientes em vigência de quimioterapia ou radioterapia não podem amamentar”, diz a mastologista do Instituto Mário Penna. As medicações usadas no tratamento não podem ser ingeridas pelo bebê através do leite materno. Como solução, a mãe pode optar por oferecer suplementos infantis ou usufruir do banco de leite.
Entretanto, para as mulheres que não possuem câncer de mama, a amamentação é um fator protetivo. De acordo com o INCA, durante o período de aleitamento, as taxas de determinados hormônios que favorecem o desenvolvimento do câncer de mama caem. Além disso, alguns processos que ocorrem na amamentação promovem a eliminação e renovação de células que poderiam ter lesões no material genético, diminuindo assim as chances de câncer de mama na mulher.
Pós-tratamento
O caso da amamentação para quem já concluiu o tratamento é muito pessoal. Dra. Ana Luiza Freitas relata que só é possível analisar cada caso após o nascimento do bebê. “Em algumas situações, o tratamento pode influenciar na produção de leite da mama tratada, diminuindo a quantidade, ou gerar obstrução dos ductos mamários também no seio tratado”.
Fatores genéticos para o bebê
“A chance de câncer de mama para o recém-nascido depende principalmente do sexo do bebê, já que o maior fator de risco para o câncer de mama é ser mulher. Mas o câncer de mama hereditário representa apenas 10% de todos os casos.””, explica a mastologista.
É importante observar as síndromes genéticas nas mulheres jovens, em idade fértil. Se for o caso, ela pode fazer um teste genético que identifique alguma anormalidade relacionada ao câncer, para saber se esse gene pode ser passado para os filhos.
Apesar desse histórico familiar ser um aspecto importante, a mastologista ainda esclarece que só pelo bebê ter passado o momento do diagnóstico e tratamento com a mãe naquela gestação específica, as chances de desenvolver câncer de mama no futuro não aumentam.
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