Os miRNAs – microRNAs – são pequenas estruturas presentes no nosso material genético que possuem a capacidade de regular o funcionamento de reações importantes no corpo. Eles podem controlar a intensidade de produção de uma proteína, em geral, diminuindo algumas e favorecendo o aumento de outras. O resultado disso, em condições normais, é a manutenção apropriada das funções corporais, favorecendo a saúde. Contudo, em condição de enfermidade, os miRNAs são produzidos de maneira desbalanceada e suas funções podem favorecer a progressão da doença.
Felizmente, o conhecimento sobre os papéis dos miRNAs são bem consistentes e novos benefícios vêm sendo descobertos a cada dia. No enfrentamento ao câncer, conhecer os mecanismos de ação destes importantes reguladores é fundamental para compreender a maneira como a doença progride e, consequentemente, como ela pode ser controlada.
Os cientistas buscam assinaturas genéticas relacionadas aos miRNAs que possam ser utilizadas como biomarcadores importantes para medicina personalizada. Estes padrões podem auxiliar o médico sobre a tendência de a doença progredir, de responder a uma determinada abordagem terapêutica e, consequentemente, favorecer o sucesso do tratamento. Com isso, os diversos papéis dos miRNAs são estudados em inúmeros tipos de tumores, tanto com finalidade diagnóstica quanto terapêutica.
Os pesquisadores do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Inovação do Instituto Mário Penna vêm desenvolvendo pesquisas utilizando os miRNAs, a fim de compreender o perfil de resposta terapêutica das pacientes com câncer de mama e câncer de ovário. Dr. Fábio Queiroz, Pesquisador da unidade, conta que os resultados obtidos são animadores e mostram que há fortes evidências de que os miRNAs identificados poderão ser utilizados para o desenvolvimento de novos métodos prognósticos para o cuidado das pacientes.
Buscar ganhos significativos de sobrevida, com qualidade e dignidade, é uma ambição dos Pesquisadores do Mário Penna. Neste cenário, fornecer alternativas personalizadas que diminuam o tempo entre o diagnóstico do câncer e o acesso à terapia adequada, continua sendo um grande desafio, mas com animadores avanços.
“Estudos recentes têm confirmado que um diagnóstico de câncer pode representar um ponto decisivo, de grande magnitude, que pode provocar sintomas psicológicos, como ansiedade, depressão, estresse pós-traumático e sofrimentos que impactam diretamente o tratamento. No caso dos cânceres de mama e ovário, a possibilidade desse diagnóstico impactar a percepção da feminilidade, da vaidade com o corpo, da sexualidade, são desafios inquestionáveis” destaca.
Dr. Fábio pontua ainda que, muitos dos trabalhos disponíveis na literatura, mostram que o diagnóstico tardio do câncer é umas das principais causas de insucesso no tratamento oncológico. “É imprescindível desenvolver métodos que sejam mais específicos e confiáveis para auxiliar os médicos nas tomadas de decisão. Os miRNAs, que podem ser detectados em uma simples amostra de sangue, se mostram uma valiosa ferramenta para diagnóstico e monitoramento da doença” enfatiza. O objetivo da equipe de Pesquisa Translacional da instituição é alcançar abordagens terapêuticas mais precisas, personalizadas e que forneçam melhor qualidade de vida para os pacientes.
Fonte: Fábio Queiroz | Pesquisador do Mário Penna, Biólogo e Doutor em Ciências da Saúde pela Fiocruz – Minas, Fábio Ribeiro Queiroz.