O câncer de pulmão é a principal causa de morte por câncer no mundo, responsável por cerca de 1,8 milhão de óbitos anuais. No Brasil, estima-se que, no triênio 2023–2025, surjam aproximadamente 32.560 novos casos por ano. Esse cenário mostra o tamanho do desafio para a saúde pública, já que grande parte da gravidade da doença está ligada ao diagnóstico tardio e à dificuldade em conter sua evolução.
Por muitos anos, as pesquisas sobre o câncer de pulmão focaram na busca por mutações em genes específicos. Mas, nos últimos anos, outra descoberta ganhou relevância: os RNAs não codificadores (ncRNAs).
Apesar de não produzirem proteínas, os ncRNAs representam cerca de 98% do material genético ativo em nossas células e têm papel fundamental na regulação dos processos biológicos. No câncer de pulmão, eles influenciam desde o crescimento do tumor até a forma como as células conseguem escapar do sistema imunológico e resistir aos tratamentos.
Entre os principais tipos estão os microRNAs (miRNAs), os RNAs longos não codificadores (lncRNAs) e os RNAs circulares (circRNAs). Essas moléculas atuam em diferentes frentes: controlam a ativação de genes, ajudam a decidir se uma célula vai se multiplicar, migrar para outros órgãos ou resistir a medicamentos. Por isso, são considerados promissores como biomarcadores, isto é, sinais biológicos capazes de indicar a presença da doença, seu estágio ou até prever a resposta ao tratamento.
Uma das formas de detectar esses biomarcadores é pela chamada biópsia líquida. Diferente da biópsia tradicional, que exige a retirada de tecido tumoral, essa técnica analisa o sangue ou outros fluidos corporais, oferecendo informações importantes de maneira menos invasiva.
Em Minas Gerais, o Instituto Mário Penna, por meio do Hospital Luxemburgo, é referência no atendimento oncológico pelo SUS e também na produção de conhecimento científico. No Núcleo de Ensino, Pesquisa e Inovação (NEPI), estudos sobre o uso de biomarcadores em biópsia líquida, incluindo os ncRNAs, já estão em andamento. O objetivo é avançar na direção de um tratamento cada vez mais personalizado, eficiente e ágil para os pacientes.
Esse trabalho conta ainda com o apoio de um biobanco estruturado, responsável por armazenar amostras biológicas de forma segura, garantindo a qualidade necessária para pesquisas de diagnóstico, prognóstico e monitoramento do câncer.
Pacientes atendidos no Instituto podem ser convidados a participar dessas pesquisas, contribuindo diretamente para o avanço da ciência e para o desenvolvimento de novas estratégias de cuidado oncológico.
Para mais informações, entre em contato pelo e-mail diogogomesdacosta96@gmail.com
Texto escrito pelo Diogo Gomes da Costa, doutorando no Programa de Pós-graduação em Genética pela UFMG, em parceria com o IMP, sob orientação do Pesquisador do NEPI Dr Fábio Ribeiro Queiroz.