ACONSELHAMENTO GENÉTICO: POR QUE ELE IMPORTA NO CÂNCER?
Apesar de ser uma prática essencial para a saúde, ainda é pouco conhecida pela maioria das pessoas. O aconselhamento genético faz parte do cuidado oferecido por equipes de saúde e tem como objetivo orientar indivíduos e famílias sobre doenças que podem ter origem genética. Nesse processo, profissionais especializados, os conselheiros genéticos, coletam informações sobre o histórico familiar e analisam como certas condições podem ser transmitidas de pais para filhos. Assim, é possível identificar pessoas que podem ter risco aumentado de desenvolver doenças genéticas, como alguns tipos de câncer. Além de fornecer informações, o aconselhamento genético também ajuda a esclarecer dúvidas e a reduzir a ansiedade, algo muito comum diante de um diagnóstico oncológico.
Mas, afinal, por que procurar esse tipo de acompanhamento quando o assunto é câncer?
Entre 5% e 10% dos cânceres são hereditários. Isso significa que uma pessoa pode herdar de um dos pais uma cópia alterada de um gene que aumenta suas chances de desenvolver a doença. Genes como BRCA1e BRCA2, associados ao câncer de mama e de ovário em mulheres, também estão relacionados a uma parte dos casos de câncer de próstata em homens.
No Brasil, o câncer de próstata representa cerca de 29% de todos os diagnósticos oncológicos em homens, ocupando o terceiro lugar em incidência global. Diante desse cenário, a detecção precoce e os testes genéticos tornam-se aliados essenciais, permitindo identificar predisposição antes mesmo do surgimento do tumor.
A detecção precoce costuma incluir o exame de sangue para medir o antígeno prostático específico (PSA), além de testes genéticos que identificam alterações herdadas. Esses testes são valiosos não apenas para definir o tratamento mais adequado em homens já diagnosticados, mas também para orientar pessoas saudáveis da mesma família, em especial os mais jovens, que podem estar em risco.
Quando integrados ao cuidado médico, os testes genéticos permitem personalizar o tratamento, orientar medidas de prevenção e facilitar o diagnóstico precoce. Dessa forma, não só o paciente se beneficia, mas também seus familiares, que podem adotar estratégias para reduzir riscos.
A mestre em Genética Thalía Rodrigues de Souza Zózimo, do NEPI – Núcleo de Ensino, Pesquisa e Inovação do Instituto Mário Penna, reforça: “O aconselhamento genético, aliado ao uso dos testes genéticos, é essencial não só para determinar terapias mais adequadas, mas também para orientar medidas de prevenção e vigilância em familiares sob maior risco.”
Quem deveria fazer o teste genético?
A indicação de testes genéticos considera fatores pessoais e familiares, como: histórico de câncer de próstata metastático ou localmente avançado; parentes com câncer de mama precoce, ovário ou pâncreas; ancestralidade judaica Ashkenazi; ou ainda mutação previamente identificada na família.
O aconselhamento genético conhecimento, prevenção e esperança. Ele mostra que a medicina não olha apenas para a doença, mas para toda a história de vida do paciente e da família.
O acesso pelo Sistema Único de Saúde (SUS)
No Sistema Único de Saúde (SUS), o acesso ao aconselhamento e aos testes genéticos está sendo gradualmente ampliado. As políticas públicas preveem a oferta desses serviços em casos específicos, conforme protocolos clínicos e diretrizes do Ministério da Saúde, priorizando pacientes com risco elevado ou suspeita de síndromes hereditárias.
A ampliação dessa política representa um avanço importante para a oncologia pública, contribuindo para diagnósticos mais precoces, condutas terapêuticas direcionadas e ações preventivas junto a familiares sob maior risco.
Instituições filantrópicas que integram a rede SUS, como o Instituto Mário Penna, desempenham papel fundamental nesse contexto. Além de oferecer cuidado humanizado e especializado, também atuam na conscientização e na educação em saúde, reforçando a importância do aconselhamento genético.
Texto produzido pela mestre em Genética, Thalía Rodrigues de Souza Zózimo, do NEPI – Núcleo de Ensino, Pesquisa e Inovação do Instituto Mário Penna.







