O câncer do colo do útero, ou câncer cervical, é a quarta neoplasia mais frequente em mulheres. Quando não detectado precocemente, este tipo de câncer apresenta alta mortalidade. Por este motivo, os biomarcadores, que são indicadores que podem ser medidos experimentalmente e indicam a ocorrência de uma determinada função normal ou patológica de um organismo, surgem como ferramentas promissoras para o diagnóstico, prognóstico e monitoramento da doença.
Diversos grupos de pesquisa ao redor do mundo dedicam-se a este tipo de estudo, que vem sendo fundamental para o desenvolvimento de estratégias de prevenção e tratamentos mais eficazes. O Laboratório de Pesquisa Básica e Translacional do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Inovação do Mário Penna é um deles. A unidade está finalizando alguns estudos que identificaram potenciais candidatos a biomarcadores de prognóstico para pacientes com câncer cervical.
Segundo a Dra. Carolina Melo, pesquisadora da Unidade, um dos estudos se concentrou em identificar genes que estavam mais ou menos expressos em pacientes com câncer cervical de estadiamento FIGO II no momento do diagnóstico. O objetivo era diferenciar pacientes que apresentaram o retorno da doença alguns meses após o término do tratamento daquelas de mesmo estadiamento que não recidivaram.
O estadiamento do câncer cervical, conforme definido pela Federação Internacional de Ginecologia e Obstetrícia (FIGO), é fundamental para determinar a extensão da doença e orientar o planejamento do tratamento. Segundo a pesquisadora, o estadiamento FIGO II apresenta desafios significativos no manejo clínico devido à sua complexidade e ao potencial de metástase, por ser caracterizado pela invasão do tumor para além do colo do útero, mas de maneira ainda restrita.
“Caso esses genes candidatos a biomarcadores que identificamos sejam validados e confirmados, eles poderão ser utilizados na clínica para auxiliar o médico a identificar quais pacientes, a princípio com o mesmo estadiamento, FIGO II, precisam ser monitorados de maneira especial, ou até mesmo receber um tratamento mais radical, para minimizar os impactos ou evitar uma recidiva precoce. ” – explica a pesquisadora.
Dra. Carolina ressalta que ainda há desafios para a implementação clínica de biomarcadores no câncer do colo do útero. “Os estudos multicêntricos com um grande número de pacientes e a padronização das técnicas de dosagem, são alguns desses obstáculos. Mas, sem dúvidas, estamos no caminho para chegar à medicina personalizada no tratamento dessa doença” – finaliza