O Fraxx é um equipamento de radiofrequência fracionada que contribui para a melhora dos efeitos colaterais que podem prejudicar a qualidade da vida sexual das pacientes em tratamento de câncer. O novo tratamento passará a ser oferecido pela equipe de ginecologia do Mário Penna para mulheres em atendimento pelo SUS. O Fraxx distribui energia eletromagnética de forma precisa e estimula a ação do colágeno e renovação da pele.
Atualmente, um problema pouco falado, mas muito comum entre mulheres que enfrentam o tratamento de câncer de mama ou do colo do útero, são os efeitos colaterais que interferem na vida sexual. Por medo, constrangimento ou receio de falar sobre o tema, o assunto ainda é um tabu para o público feminino. Além de um desequilíbrio hormonal, a doença pode levar à menopausa precoce, além de coceira vaginal, falta de lubrificação natural, cansaço e dor durante a relação.
Nesse sentido, a fim de tentar minimizar o impacto causado pelo tratamento oncológico na vida das pacientes, o Mário Penna passa a oferecer um tratamento especializado por meio do aparelho Fraxx, doado para a instituição pela empresa Loktal Medical Electronics, da cidade de São Paulo. O aparelho cria energia para fazer microablações na mucosa que vão estimular a regeneração do tecido.
Dra. Telma Franco, coordenadora da Ginecologia Oncológica do Mário Penna, explica que o contato com o aparelho se deu em 2023, em um curso que a equipe fez participando da Colpominas – Jornada de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia. A partir disso, a Dra. Débora Batista, médica ginecologista, baseou seu projeto de mestrado sobre a utilização do Fraxx nas pacientes do Hospital Luxemburgo, o que motivou a doação do equipamento pelo fornecedor.
O Fraxx é indicado para uso quando a paciente apresenta sintomas como incontinência urinária, prurido vulvar crônico (como líquen escleroso), atrofia vaginal e vestibular, dispareunia, flacidez vaginal, entre outros. “Com o Fraxx, poderemos beneficiar aquelas pacientes com histórico de câncer de colo uterino ou mama, associado a alguma dessas queixas” explica Dra. Telma. Ela ainda reforça que, atualmente, o tratamento com esse aparelho é muito caro, e ter a possibilidade de ofertá-lo para as pacientes do SUS é um um avanço que contribui para o atendimento humanizado, expertise e missão do Mário Penna.
Sobre a pesquisa e a utilização do Fraxx
A pesquisa de mestrado da Dra. Débora Cristina de Freitas Batista foi o que motivou a doação. Com o título “Avaliação de desempenho do Fraxx na reparação da atrofia vaginal, na incontinência urinária, na melhora da dispareunia e vida sexual feminina após quimiorradiação ou hipoestrogenismos por ooforectomia devido a câncer ginecológico e mamário” a pesquisa será co-orientada pela Dra. Letícia Braga, gerente da Pesquisa Translacional do Mário Penna. O trabalho irá comparar duas formas de tratamento da atrofia vaginal após quimiorradiação, sendo o tratamento com creme a base de estrogênio, versus o novo uso das energias na ginecologia, como é o caso do Fraxx.
Dra. Débora conta que a escolha do tema foi decorrente de uma demanda muito frequente que as pacientes apresentavam após o tratamento com quimiorradiação. “Eram pacientes que sofriam muito com ressecamento, sensibilidade e desconfortos na hora de voltar a ter relação sexual. Por isso, visando a melhora da qualidade de vida dessas pacientes, a equipe da ginecologia oncológica procurou alternativas ao tratamento com creme tópico vaginal, que não era bem aceito pelas mulheres” explicou.