No mês de julho, as atenções se voltam para os tumores de cabeça e pescoço, que incluem as neoplasias da tireoide, cavidade oral, garganta, laringe, faringe, paratireóide, glândulas salivares e região sinonasal. Dentro desse amplo grupo, destaca-se o câncer oral, um dos mais frequentes entre esse tipo de câncer.
O câncer oral é a 6ª neoplasia maligna mais comum no mundo. O Instituto Nacional de Câncer (INCA) estima que, para cada ano do triênio de 2023 a 2025, cerca de 15.190 novos casos de câncer oral serão diagnosticados no Brasil. Desconsiderando os tumores de pele não melanoma, o câncer da cavidade oral ocupa a 8ª posição entre os tipos de câncer mais frequentes, sendo o 4º mais comum entre os homens e o 13º mais frequente entre as mulheres, na região sudeste.
O câncer oral inclui especificamente um subgrupo de neoplasias que surgem nos lábios, nos dois terços anteriores da língua, nas gengivas, no palato duro e mole, nas superfícies da mucosa oral e assoalho da boca e na região retromolar (área atrás dos dentes do siso). Sendo que, destes cânceres orais, mais de 90% são carcinomas de células escamosas, também chamados carcinomas epidermoides.
Os principais fatores de risco do câncer oral incluem:
- Todas as formas de uso do tabaco, tais como: cigarros, cachimbos, charutos, narguilés, bem como todas as formas de tabaco sem fumaça (rapé, snus, tabaco de mascar, etc) estão associadas a um aumento do risco de câncer oral;
- Todas as três formas de álcool (cerveja, destilados e vinho) estão associadas ao câncer oral, embora os destilados e a cerveja apresentem um risco maior;
- Exposição ao vírus do papiloma humano (HPV), particularmente o HPV-16;
- Má higiene bucal e uso inadequado de próteses dentárias – fatores traumáticos crônicos ou repetidos podem promover a transformação das células epiteliais;
- Consumo contínuo de alimentos muito quentes, o que pode lesionar o tecido oral ao longo do tempo;
- Dieta pobre em frutas e vegetais;
- Histórico familiar de câncer oral ou outros tipos de cânceres.
A taxa de sobrevida em cinco anos para pacientes com câncer oral é em média de 50%. Cerca de 95% dos casos ocorrem em pessoas com mais de 40 anos de idade, sendo a idade média no momento do diagnóstico cerca de 60 anos. A maioria dos cânceres orais se desenvolvem em áreas que podem ser vistas e/ou palpadas, o que significa que a detecção precoce é possível.
Os principais sinais e sintomas voltados para o câncer oral incluem feridas na boca que não cicatrizam, nódulos ou áreas endurecidas na bochecha, assim como placas esbranquiçadas e avermelhadas. Sangramentos na boca e sangue constante na saliva, dificuldade para mastigar ou engolir, dor na boca que não passa, mau hálito persistente, dentes que ficam moles e caem sem motivo aparente também são sintomas a serem considerados.
Atualmente, a cirurgia representa a principal modalidade de tratamento, especialmente nos estágios iniciais, priorizando abordagens curativas menos invasivas. Pacientes com alto risco de recorrência podem receber radioterapia ou quimiorradioterapia como tratamento auxiliar.
Os principais avanços na área incluem ensaios clínicos investigando terapias diferenciadas para cânceres HPV positivos e negativos. A radioterapia avançada busca minimizar efeitos colaterais, enquanto protocolos clínicos exploram terapias que bloqueiam fatores de crescimento, potencializando a eficácia do tratamento.
Por: Profa. Dra. Izabela Ferreira Gontijo de Amorim, PhD em Patologia Experimental, Pesquisadora NEPI – Mário Penna