Um estudo sobre a implementação de um protocolo de vigilância ativa em câncer de próstata, realizado pela área de Pesquisa Clínica do Instituto Mário Penna – Ensino, Pesquisa e Inovação e coordenado pelo Dr. Renato Beluco Corradi Fonseca, médico preceptor da urologia do Mário Penna, em parceria com o Grupo de Uro-Oncologia do Hospital Moinhos de Vento, da cidade de Porto Alegre/RS, vem apresentando resultados que indicam importantes avanços na qualidade de vida de pacientes com câncer de próstata.
A vigilância ativa consiste no monitoramento mais próximo dos casos de câncer de próstata classificados como de baixo risco e pouco volume, ou seja, quando o tumor tende a ter uma evolução mais lenta no decorrer dos anos. Nessa abordagem de tratamento, o foco é evitar que o paciente seja submetido a procedimentos invasivos, evitando, assim, efeitos colaterais tais como a incontinência urinária, enjoos ou a disfunção erétil, possibilitando maior qualidade de vida e bem-estar.
O estudo surgiu no Canadá e, desde 2010, tem sido utilizado para reduzir o número de intervenções desnecessárias em pacientes. A vigilância ativa é indicada para cerca de 30% dos pacientes que apresentam a doença classificada como baixo risco, parâmetros de estabilidade e que podem permanecer por anos sendo acompanhados sem apresentar risco de complicação ou morte.
A opção por adiar procedimentos mais invasivos está sendo cada vez mais utilizada pelos urologistas. Para isso, é fundamental que o paciente não abandone o tratamento e siga rigorosamente o acompanhamento periódico, com consultas, exames de PSA (coleta de amostra de sangue do paciente), toque retal e a ressonância magnética. É esse acompanhamento que visa orientar o paciente caso seja necessário optar por intervenções definitivas.
O estudo acerca da implementação do protocolo de vigilância ativa está sendo realizado em centros que representam as cinco regiões do Brasil, com a previsão de inclusão de 200 pacientes que, assim como os do Instituto Mário Penna, estão participando da pesquisa. A consolidação desta técnica representa uma opção no enfrentamento ao câncer de próstata e marca um significativo avanço na área da saúde humana com ênfase em oncologia.
Impactos no SUS
O câncer de próstata é o segundo tipo mais frequente entre a população masculina no Brasil. Apenas entre 2020 e 2022, de acordo com o Instituto Nacional do Câncer (INCA), foram 65.840 novos casos por ano, um número que representa cerca de 29% do diagnóstico da doença no país.
Além de benefícios para o paciente, a vigilância ativa também é positiva para o Sistema Único de Saúde (SUS). Uma vez que norteia o momento certo para a realização de intervenções de alto custo, essa abordagem de tratamento também possibilita a redução de gastos do sistema de saúde pública.
Fonte: Cíntia Maria de Lima | Gerente de Pesquisa Clínica do Instituto Mário Penna – Ensino, Pesquisa e Inovação