A imuno-histoquímica (IHQ) pode parecer um termo técnico e distante, mas, na prática, é como uma “lupa inteligente” que ajuda os médicos e cientistas a enxergarem detalhes invisíveis das células. Essa técnica, muito utilizada na medicina e na pesquisa científica, é fundamental tanto para diagnosticar doenças com precisão quanto para entender melhor como o câncer se desenvolve e reage aos tratamentos.
No Núcleo de Ensino, Pesquisa e Inovação do Instituto Mário Penna (NEPI), a IHQ é uma das ferramentas-chave para avançar no cuidado ao paciente oncológico e transformar descobertas científicas em soluções reais. De forma simplificada, a IHQ funciona como quando usamos um marcador fluorescente para destacar uma palavra importante em um texto, só que, nesse caso, o “texto” é um pedaço de tecido do paciente e o “marcador” são anticorpos especiais. Eles se ligam a partes específicas da célula e, com a ajuda de corantes visíveis ao microscópio, revelam informações essenciais sobre o tumor.
Na prática do dia a dia, isso significa que a IHQ pode:
- Identificar diferentes tipos e subtipos de tumores, já que cada um tem características e comportamentos próprios;
- Avaliar informações que ajudam a prever a evolução da doença e indicar quais pacientes têm mais chance de responder bem a determinados tratamentos;
- Diferenciar os tipos de células que formam o tumor, descobrir onde começou um câncer que já se espalhou e identificar focos muito pequenos da doença, dados essenciais para decisões médicas mais seguras e direcionadas.
Um exemplo marcante de pesquisa no NEPI é o estudo da transição epitélio-mesenquimal (EMT), um processo biológico que ajuda o câncer a se espalhar e a resistir a medicamentos. Isso é investigado em tumores como: mama, ovário, glioblastoma e colo uterino. No câncer de mama, por exemplo, são analisadas algumas “pistas” como as proteínas EpCAM, CD146, α-actina, E-caderina, beta-catenina e vimentina. Essas moléculas ajudam a entender o comportamento do tumor, estimar o risco de ele voltar e a avaliar a resposta aos tratamentos disponíveis.
Graças à IHQ, os cientistas conseguem montar um retrato detalhado do tumor e propor estratégias mais personalizadas para cada paciente. É como passar de um mapa genérico para um GPS de alta precisão, aumentando as chances de escolher o melhor caminho para o tratamento.
Assim, a IHQ não apenas oferece diagnósticos mais confiáveis, mas também é um motor de geração de conhecimento científico. E é esse conhecimento que, com o tempo, transforma a prática clínica e amplia as opções de tratamento, levando esperança e novas possibilidades para quem enfrenta o câncer.
Por: Dra. Izabela Ferreira Gontijo de Amorim — PhD em Patologia Experimental, Pesquisadora do Instituto Mário Penna – Ensino, Pesquisa e Inovação (IEPI-IMP)