Pacientes com câncer podem desenvolver deficiência no sistema imunológico que os tornam mais susceptíveis à contrair infecções oportunistas. Esses germes se aproveitam do estado de imunossupressão do paciente para se instalar no organismo do hospedeiro e produzir doença. Um exemplo clássico de infecção oportunista no inverno é a gripe. Nessa época do ano, devido às quedas na temperatura as pessoas tendem a se confinar em ambientes fechados, facilitando a disseminação do vírus e o contágio pessoa-pessoa. Num paciente oncológico, cuja imunidade pode estar comprometida pelo tratamento com quimioterapia ou pela própria atividade da doença a gripe pode ser responsável por uma síndrome respiratória grave, eventualmente fatal. Por isso é muito importante esclarecer as recomendações acerca da prevenção dessas doenças nessa população.
Nem todo paciente que tem ou teve diagnóstico de câncer tem a imunidade comprometida. Aqueles que não estão em tratamento oncológico com quimioterapia há mais de 3 meses ou em outros em tratamento hormonal podem ser imunizados normalmente conforme os protocolos de vacinação, esses indivíduos são considerados imunocompetentes. Já pacientes que estão para iniciar tratamento, aqueles em tratamento quimioterápico e os portadores de câncer avançado apresentam recomendações especiais em relação à imunização com vacinas pois são considerados pacientes imunossuprimidos.
Há basicamente dois tipos de vacina, as produzidas a partir de organismos vivos atenuados e aquelas formadas a partir de partículas dos micróbios. Exemplos de vacinas com organismos vivos atenuados são as de febre amarela, varicela (catapora), sarampo, caxumba, rubéola, herpes zoster, BCG para tuberculose, rotavirus e algumas vacinas para poliomielite (paralisia infantil). Exemplos de vacinas de partículas inclui influenza (gripe), pneumonia, hepatites e HPV. O objetivo da vacinação é expor o indivíduo precocemente à determinado germe ou parte dele com intuito de estimular o sistema imunológico do hospedeiro a produzir uma resposta imunológica a longo prazo, tornando a pessoa imune à doença. Pacientes oncológicos podem apresentar queda da imunidade em virtude da atividade da própria doença ou devido ao tratamento quimioterápico o que pode conferir ao indivíduo uma maior susceptibilidade a contrair a doença naqueles casos de vacina com germes enfraquecidos, ou mesmo uma dificuldade de produzir resposta imunológica em ambos os tipos de vacinas. Portanto, a recomendação é não imunizar pacientes com câncer avançado em atividade ou aqueles em quimioterapia com vacinas de micro-organismos atenuados. Em relação às vacinas produzidas a partir de partículas, apesar de não haver risco de contrair a doença, também não é recomendado a vacinação de rotina pois infere-se que a eficácia dela fica comprometida pela incapacidade do paciente de produzir uma resposta imunológica ao estímulo.
Apesar da recomendação contra a vacinação de rotina de pacientes portadores de câncer ativo ou em tratamento quimioterápico é importante frisar algumas medidas importantes que ajudam a evitar a disseminação de infecções oportunistas em pacientes oncológicos. Uma delas é a vacinação dos indivíduos saudáveis que estão em contato direto no dia a dia com o doente. Segundo conceitos teóricos da infectologia, ao se vacinar determinada parcela da população consegue-se uma imunização da população como um todo pois há uma supressão efetiva da disseminação da doença. Outras medidas importantes são aquelas de higienização das mãos e equipamentos protetores por parte de pessoas infectadas, como máscaras e luvas, que agem como barreira mecânica dificultando o contágio. Pacientes alérgicos à proteína do ovo ou a outros componentes das vacinas não devem recebê-las de rotina.