As citocinas são pequenas proteínas que, normalmente, são secretadas pelas células e têm efeitos específicos nas interações e na comunicação entre elas. Apesar de terem um papel biológico no organismo, sabe-se que a secreção de múltiplas citocinas nos diferentes tipos e estágios do câncer pode promover um microambiente inflamatório que impulsiona o desenvolvimento, a progressão do câncer, a metástase e resistência ao tratamento.
O diagnóstico precoce e preciso do câncer é um desafio constante na área da oncologia. Nesse sentido, a busca por biomarcadores – ou seja, marcadores biológicos celulares, estruturais ou bioquímicos, que podem definir alterações celulares e moleculares tanto em células normais quanto tumorais – tem aumentado de forma significativa nos últimos anos. Identificar marcadores biológicos que possam indicar a presença, o tipo e o estágio do câncer é essencial para um tratamento eficaz e para a avaliação adequada do prognóstico do paciente.
Nesse contexto, as citocinas emergem como potenciais biomarcadores, oferecendo uma promissora ferramenta para maior compreensão do microambiente tumoral e da progressão do câncer, desde o desenvolvimento inicial até a invasão e metástase. Como as citocinas produzidas pelo tumor atingem a corrente sanguínea e podem ser detectadas no sangue, elas podem ser úteis como biomarcadores em exames laboratoriais que permitem detectar cânceres, prever o desfecho da doença e gerenciar escolhas de tratamentos.
Atualmente, o Núcleo de Ensino, Pesquisa e Inovação do Mário Penna, desenvolve uma linha de pesquisa que investiga os níveis sanguíneos destas citocinas no câncer de ovário, considerado o tumor feminino com pior prognóstico e maior letalidade. “Nosso objetivo é desenvolver um método minimamente invasivo que possa ser implementado na prática laboratorial e que, em associação com os exames já disponíveis para o cuidado da paciente, possa contribuir para o manejo clínico mais eficiente de mulheres com esse tumor” comenta Dr. Jorge Goulart, Pesquisador do Laboratório de Pesquisa Translacional do Mário Penna.
Em breve, a análise de citocinas como biomarcadores poderá se tornar uma ferramenta rotineira, que irá revolucionar o diagnóstico e avaliação do prognóstico da paciente com o câncer de ovário e, assim, melhorar substancialmente as perspectivas de tratamento e sobrevida das pacientes com essa doença.
Fonte: Dr. Jorge Goulart Ferreira – Doutor em Biologia Celular e Molecular Pesquisador do Laboratório de Pesquisa Translacional em Oncologia do NEPI.