O material genético carrega informações que definem cada pessoa, como elas são e como reagem ao ambiente. É por meio do conhecimento acerca desses detalhes que os cientistas conseguem definir o conjunto de genes que está relacionado com o desenvolvimento de determinadas características do indivíduo (cor dos olhos, tendência a desenvolver tipos de doenças, etc.). No entanto, o padrão normal destas características pode ser alterado com o surgimento de mutações, que são alterações nos genes. Algumas dessas mutações podem ser herdadas ou adquiridas por exposição a agentes como radiação ou produtos químicos cancerígenos, além de hábitos alimentares e estilo de vida desregrado. Elas podem causar problemas à saúde e impactar na forma como as pessoas desenvolvem seus hábitos de vida.
Nos Estados Unidos e Europa, por exemplo, essas informações são utilizadas para avaliar, em atletas de alto rendimento, quais os tipos de exercícios físicos são mais apropriados para potencializar suas qualidades. Para além destas possibilidades, é possível prever a predisposição deles em acumular gordura e o seu potencial em ganhar massa magra. Baseado nisso, é possível explicar, por exemplo, o motivo pelo qual algumas pessoas possuem maior dificuldade de perder peso que outras, mesmo fazendo dietas.
Nesta mesma linha, entender o perfil de alguns grupos de genes (ou assinaturas gênicas) e suas principais modificações, pode fornecer informações suficientes sobre o desenvolvimento e agressividade do câncer. Essa assinatura gênica, base para o desenvolvimento dos testes genéticos, pode caracterizar uma chance aumentada de se desenvolver a doença, de como ela deverá progredir e, até mesmo, se um determinado tipo de medicamento será mais eficiente no tratamento.
A ciência vem caminhando a passos largos na direção de se entender as diferenças entre os grupos populacionais e, assim, sugerir, através de testes genéticos, métodos de diagnóstico e monitoramento de doenças como o câncer. Em certos casos, o resultado destes testes, atrelado às informações de saúde da família, pode ser a chave para se evitar que várias outras pessoas próximas sofram da mesma enfermidade. Atualmente, a realização de testes genéticos é uma alternativa minimamente invasiva que pode substituir a necessidade de se fazer inúmeros exames inconclusivos. As amostras para realização de um teste genético vão desde sangue, saliva, biópsia, a um raspado tecidual.
A equipe científica multiprofissional do Instituto Mário Penna – Ensino, Pesquisa e Inovação, por exemplo, trabalha com o desenvolvimento de painéis genéticos que possam ser acessados por biópsia líquida para os cânceres de mama, ovário, colo do útero e glioblastoma. Esta abordagem é importante para permitir que o diagnóstico da doença, bem como o monitoramento da efetividade terapêutica, possa ser acessado mais rapidamente e de maneira menos invasiva. Com as estratégias de testes genéticos em desenvolvimento na unidade de “Ensino, Pesquisa e Inovação”, os pesquisadores acreditam que a equipe médica passa a estabelecer tratamentos mais efetivos e personalizados aos pacientes da Instituição.
Para conferir mais informações a respeito das pesquisas realizadas no Instituto Mário Penna, fique atento às publicações e redes sociais.
Texto de: Fábio Ribeiro Queiroz | Biólogo, Doutor em Ciências da Saúde Pesquisador do Instituto Mário Penna – Ensino, Pesquisa e Inovação.