O DNA em cada célula do nosso corpo está constantemente em perigo de ser danificado por agentes cancerígenos como produtos químicos na fumaça do tabaco ou os raios ultravioletas do sol. Mas, você sabia que as células contêm muitas proteínas diferentes cujo trabalho é reparar esse dano?
De acordo com a Dra. Carolina Melo, pesquisadora do Laboratório de Pesquisa Translacional do Instituto Mário Penna – Ensino, Pesquisa e Inovação, a maioria dos danos ao DNA é reparada imediatamente por causa dessas proteínas. “Se não puderem corrigi-los, essas proteínas de reparo acionam a morte da célula para que os erros não causem mais problemas”; completa. Mas a pesquisadora pontua que se o dano ao DNA ocorrer em um gene que produz uma proteína de reparo do DNA, conhecidos como genes de reparo do DNA, a célula terá menos capacidade de se reparar. E, embora a maioria das alterações genéticas não sejam prejudiciais por conta própria, o acúmulo delas ao longo de muitos anos pode transformar células saudáveis em células cancerígenas. “Os genes BRCA1 e BRCA2 são exemplos de genes de reparo de DNA comumente alterados em câncer”; destaca.
Segundo Dra. Carolina, tal como acontece com outros tipos de alterações genéticas, as alterações nos genes de reparo do DNA, podem ser herdadas de um dos pais ou adquiridas durante a vida de uma pessoa. As pessoas que herdam uma variante patogênica (mutação) em um desses genes têm maior risco de alguns tipos de câncer, principalmente câncer de mama e ovário entre as mulheres.
Mas, a pesquisadora ressalta que herdar uma alteração genética relacionada ao câncer não significa que você definitivamente terá a doença. “Para uma célula saudável se tornar cancerosa, acredita-se que sejam necessárias mais de uma alteração no DNA. As pessoas que herdaram uma alteração genética relacionada ao câncer precisam de menos alterações adicionais para desenvolver o câncer. Se essa alteração for em um gene de reparo, a probabilidade dessas alterações adicionais acontecerem é maior. Mas eles podem nunca desenvolver essas alterações e nunca desenvolverem câncer.”
O Laboratório de Pesquisa Translacional do Instituto Mário Penna – Ensino, Pesquisa e Inovação atualmente desenvolve um projeto que estuda as mutações nesses genes de reparo do DNA em pacientes com câncer de ovário. “Outros pesquisadores já observaram a relação de mutações em alguns desses genes com a resposta do paciente ao tratamento. Por isso, o nosso objetivo é tentar predizer, a partir do sequenciamento desses genes, quais pacientes não se beneficiarão da quimioterapia convencional por serem resistentes ao tratamento”, finaliza.
Dra. Carolina Melo é PhD em genética humana, trabalha há mais 10 anos na pesquisa em oncologia, e atualmente é parte da equipe de pesquisadores do IEPI.