Dezembro é o mês em que o Brasil se mobiliza em torno de uma causa vital: a prevenção ao câncer de pele, o tipo de câncer mais comum no país. Sob o lema do Dezembro Laranja “Você não é de ferro. Proteja-se do câncer de pele”, a campanha reforça a importância de cuidar da saúde da pele, promovendo hábitos de proteção e incentivando o diagnóstico precoce. Medidas simples, como o uso diário de protetor solar, a redução da exposição excessiva ao sol e a realização de exames dermatológicos regulares, podem contribuir significativamente para a diminuição dos casos dessa doença.
Mas, você sabia que alguns cânceres de pele podem ter um componente hereditário significativo? Embora a maioria esteja associada à exposição solar e a hábitos inadequados, há casos relacionados a uma predisposição genética, como o melanoma hereditário.
O que é câncer de pele hereditário?
O câncer de pele hereditário ocorre devido a mutações genéticas transmitidas de geração em geração dentro de uma família, aumentando o risco de desenvolver a doença. Esse é o caso do melanoma hereditário, associado a mutações em genes como o CDKN2A, CDK4 e, em menor frequência, BAP1. Esses genes desempenham papéis essenciais na regulação do crescimento celular e na reparação de danos ao DNA.
Ter uma predisposição hereditária não significa que o câncer seja inevitável, mas sim que o risco é maior. Avanços na testagem genética e no aconselhamento têm transformado o cuidado com os casos de câncer de pele hereditário.
Para indivíduos com histórico familiar de melanoma e outros cânceres relacionados, como os de pâncreas e mesotelioma, os testes genéticos permitem a criação de estratégias personalizadas de prevenção e vigilância, incluindo monitoramento dermatológico frequente e mudanças no estilo de vida.
O aconselhamento genético desempenha um papel central nos casos de cânceres hereditários. Por meio desse processo, famílias com risco hereditário são informadas sobre a natureza das mutações genéticas, os riscos associados e as opções disponíveis para prevenção e tratamento. Esse suporte é crucial para facilitar a vigilância ativa de lesões cutâneas e promover diagnósticos precoces, fundamentais para o sucesso do tratamento.
Testes genéticos para cânceres hereditários estão disponíveis no SUS?
No Brasil, iniciativas em políticas públicas têm buscado ampliar o acesso à medicina personalizada no Sistema Único de Saúde (SUS), incluindo a testagem genética para condições hereditárias. Embora os testes para câncer de pele ainda não estejam amplamente disponíveis, esforços têm sido direcionados para reconhecer essa necessidade.
Avanços no acesso à testagem genética estão mais consolidados em casos de câncer de mama e ovário, mas o crescente reconhecimento do câncer de pele como prioridade na saúde pública tem estimulado iniciativas para ampliar o diagnóstico genético de síndromes associadas ao melanoma.
A integração entre legislações estaduais e diretrizes nacionais é fundamental para expandir esses serviços, promovendo maior equidade no acesso e contribuindo para a redução de desigualdades regionais.
Texto: Letícia Braga, Gerente de Pesquisa Translacional do Núcleo de Ensino, Pesquisa e Inovação do Instituto Mário Penna