Você sabia que “genoma” é a informação genética do que somos e, até de como deveremos ser no futuro? É por meio do estudo deste mapeamento que é possível saber como vamos envelhecer ou que doenças podemos desenvolver. Trata-se de toda a informação hereditária registrada no DNA (molécula que carrega toda a informação genética de um organismo) e que, a partir dela, cada indivíduo adquire suas particularidades, ou seja, suas características individuais. Com o mapeamento genômico podemos afirmar que cada pessoa é única e que reage de maneira diferente aos tratamentos terapêuticos.
Por meio da genômica também é possível encontrar grupos de pessoas que possuam características em comum, semelhantes o suficiente para serem agrupadas. Com o estudo dessas semelhanças é que se desenvolve estratégias de diagnóstico e tratamento exclusivos, ou seja, para uma medicina personalizada. Entretanto, é importante ressaltar que uma mesma doença pode acometer pessoas no mundo todo, como é o caso do câncer, e ainda assim possuir diferenças marcantes em nível genético entre indivíduos de diferentes localidades. Sendo assim, estratégias utilizadas, por exemplo na Europa, Estados Unidos, China ou África, podem não funcionar na população brasileira.
Visando um sequenciamento completo do DNA dos organismos brasileiros que o Ministério da Saúde, em colaboração com o Instituto do Coração do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (InCor/HCFMUSP), assim como com o Banco Nacional de Tumores e DNA do INCA-RJ e outros parceiros, vem desenvolvendo o projeto: Mapa Genoma Brasil – Medicina de precisão em oncologia e cardiologia no SUS. O estudo pretende identificar as codificações genéticas de aproximadamente 384 pacientes com câncer de mama, colorretal e próstata, doenças com alta incidência na população brasileira.
Essa implementação estratégica de gestão populacional em câncer, no Instituto Nacional de Câncer (INCA), dá-se por meio de seu Banco Nacional de Tumores. A iniciativa é fundamental para que tratamentos personalizados sejam adotados no âmbito do SUS no Brasil e, consequentemente, tragam maiores taxas de sucesso nas abordagens medicamentosas. Seguindo essa vanguarda de uma proposta de pesquisas que contribue para o desenvolvimento de terapias cada vez mais eficazes, assim como em estratégias de prevenção, é importante ressaltar a criação do Biobanco do instituto Mário Penna.
No último mês, a equipe do instituto esteve no INCA para destacar a importância do único Biobanco em um hospital filantrópico no estado de Minas Gerais. É por meio da nova unidade de Ensino, Pesquisa e Inovação, a espelho do que é proposto em pesquisas mundiais, que o Mário Penna passa a ser um dos principais atores na geração de conhecimento no país. Além disso, na instituição os pesquisadores do Instituto Mário Penna – Ensino, Pesquisa e Inovação têm dedicado esforços em contribuir com estudos no campo da ciência que estuda os genomas.
Com projetos, voltados para o cuidado da saúde da mulher, a nova unidade realiza o sequenciamento de DNA das pacientes com câncer de colo de útero, ovário e mama. A pesquisa busca identificar as particularidades genéticas das pacientes atendidas no Hospital Luxemburgo e que aceitaram ser voluntárias neste atendimento. Para Fábio Ribeiro Queiroz, pesquisador da unidade, um mapa genético da população brasileira pode identificar as particularidades dos brasileiros. “As estratégias do sequenciamento realizado visa identificar, com exatidão, o que difere geneticamente uma paciente da outra, assim como possibilitar o desenvolvimento tecnológico e inovador de um tratamento mais assertivo no Sistema Único de Saúde (SUS)”.
Texto com informações de: Fábio Ribeiro Queiroz | Pesquisador e Biólogo, Doutor em Ciências da Saúde pela Fiocruz – Instituto René Rachou.