Metástase é uma palavra usada para descrever a propagação do câncer. Ao contrário das células normais do corpo humano, as cancerosas têm a capacidade de crescer fora do local onde se originaram. Quando isso acontece, dá-se o nome de câncer metastático. Uma das grandes preocupações no tratamento oncológico é que quase todos os tipos de cânceres têm o potencial de metástase. As células cancerígenas podem, por exemplo, crescer diretamente no tecido ao redor do tumor ou também podem “viajar”, através da corrente sanguínea, para locais distantes de sua origem.
O tratamento do câncer metastático é um desafio para os oncologistas, já que frequentemente ele se torna resistente ao tratamento anterior. Nesses casos é necessário que sejam utilizadas terapias alternativas para o novo tratamento. Porém, para alguns casos, as opções de medicamentos disponíveis para o tratamento do câncer não são suficientes e é preciso propor novas terapêuticas.
Sempre em conexão com os desafios e as novas tecnologias no tratamento oncológico, o Laboratório de Pesquisa Translacional do Instituto Mario Penna – Ensino, Pesquisa e Inovação aprovou, recentemente, um financiamento da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG) para um projeto de pesquisa que tem o objetivo de identificar entre medicamentos já disponíveis no mercado, aqueles com possibilidade de impedir ou pelo menos minimizar a ocorrência de metástases em pacientes com câncer de colo do útero. O projeto tem a duração prevista de três anos e contará com a infraestrutura de ponta e a expertise dos pesquisadores da unidade.
Dra. Carolina Melo, pesquisadora do Laboratório de Pesquisa Translacional do Mário Penna, ressalta que o Instituto utilizará as informações genéticas dos pacientes e ferramentas computacionais para buscar medicamentos já existentes no mercado e que, apesar desta técnica atualmente ser utilizada para tratamentos não-oncológicos, também pode ser eficaz para pacientes com câncer metastático. Essa estrutura é chamada de “reposicionamento de drogas” e mundialmente é considerada uma estratégia que permite identificar novos usos para medicamentos, aprovados ou em investigação, mas que estão fora do conjunto de opções da indicação médica original.
A pesquisadora ressalta que, cada vez mais, pesquisadores e clínicos consideram reposicionar medicamentos para aliviar o dilema da escassez de fármacos e, principalmente, para encontrar novas terapias contra o câncer. “O desenvolvimento de novos medicamentos requer uma média de 13 anos de pesquisa com custos estimados em aproximadamente 3 bilhões de dólares. O reposicionamento de medicamentos oferece, além de uma ótima relação custo-benefício, já que a maior parte dos estudos clínicos já foi feita, uma economia de tempo fundamental para pacientes em estado da doença avançada e que não podem aguardar até que novos tratamentos alternativos estejam disponíveis”, conclui.
Texto: Carolina Melo | PhD em genética humana, trabalha há mais 10 anos na pesquisa em oncologia, e é pesquisadora no Instituto Mário Penna – Ensino, Pesquisa e Inovação.