Neste mês, a cor ganha destaque para alertar a população sobre o terceiro câncer mais comum entre as mulheres, com 530 mil casos novos por ano no mundo.
O avanço no diagnóstico precoce não retirou o câncer de colo do útero da terceira posição entre os mais incidentes na população feminina, atrás somente do câncer de mama e do colorretal, além de ser a quarta causa de morte de mulheres por tumores no Brasil. Dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) indicam que, na década de 90, 70% dos casos diagnosticados eram de doença invasiva, ou seja, em estágio mais avançado. A estimativa para 2016 era de aproximadamente 16 mil novos casos da doença segundo, o INCA. Atualmente, 44% dos casos são de lesão precursora do câncer.
Para conscientizar a população sobre as formas de prevenir o câncer de colo de útero foi estabelecido o “Janeiro Verde”. Dr.ª Telma Franco, ginecologista do Instituto Mário Penna, explica que como este tipo de neoplasia está associada ao HPV – vírus que pode ser transmitido pelas relações sexuais -, a existência de tantos novos caso se justifica pelo fato de as mulheres estarem iniciando a vida sexual precocemente e com múltiplos parceiros. Existem mais de 150 tipos de HPV, sendo alguns de baixo risco (podem causar verrugas) e outros de alto risco (podem causar câncer). “Quanto maior o número de parceiros, maior a chance de contato com um portador de HPV de alto risco. Eles podem ocasionar uma lesão pré-maligna que, se não for tratada nessa fase pode evoluir para o câncer propriamente dito”, reforça a médica.
Diante deste cenário, a especialista destaca a importância da vacina contra o HPV, entre outras formas de prevenção. “Está disponível na rede pública e deve ser aplicada, preferencialmente, em meninas com idade entre 9 e 11 anos e antes de iniciada a atividade sexual. Dessa maneira, a imunidade produzida pela vacina é melhor. No entanto, se a vacina não foi aplicada nessa idade, a mulher pode ser vacinada em qualquer outra época da sua vida e, se possível, antes dos 25 anos. Outro cuidado importante é “não iniciar a atividade sexual muito precocemente, usar preservativo e evitar multiplicidade de parceiros”, afirma a médica. A vacina deve ser aplicada também nos meninos.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), indicam que a incidência do câncer de colo uterino aumenta nas mulheres entre 30 e 39 anos de idade, e atinge seu pico na quinta ou sexta décadas de vida. Uma vez diagnosticado o tumor, o tratamento pode ocorrer de diversas formas. Nos casos de lesões em estágio muito inicial, é feita uma cirurgia para retirada apenas do colo uterino. Caso a doença esteja mais avançada, deve-se retirar todo o útero ou a paciente deve ser encaminhada para a radioterapia e quimioterapia, se o tumor for maior ou tenha se disseminado para fora do colo uterino, por exemplo.
“Se a paciente apresentou uma lesão que foi produzida por um vírus de baixo risco (que geralmente causa verruga), a chance de apresentar câncer é pequena. Cerca de 80% das mulheres que iniciaram a vida sexual podem apresentar teste positivo para o HPV, mas a maioria absoluta delas não vai desenvolver lesão alguma. As pacientes que tiveram contato com HPV poderão apresentar, também, uma lesão pré-maligna e um número pequeno dessas lesões pode evoluir para câncer, se não forem tratadas adequadamente”, reforça a Drª Telma.
Para a Superintendente Hospitalar do Instituto Mário Penna, Dr.ª Carolina Mourão, as campanhas de prevenção são importantes para chamar a atenção do público para frequentar o médico e fazer os exames regularmente. “Sabemos que alguns tipos de câncer quanto mais cedo iniciar o tratamento maiores as chances de cura. Por isso, as campanhas de prevenção são importantes para alertar a população”, afirma a Superintendente.