O Laboratório de Pesquisa Translacional da Unidade de Ensino, Pesquisa e Inovação do Mário Penna teve um financiamento aprovado pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG). O estudo irá implementar uma plataforma de triagem de drogas ex vivo, ou seja, experimentos feitos em órgãos e tecidos fora do organismo. Nesse tipo de plataforma, uma amostra de células tumorais coletadas de um paciente é testada em laboratório com diferentes fármacos, cujo objetivo é identificar em quais delas o tumor é resistente ou sensível.
O projeto é fruto de uma colaboração internacional estabelecida entre o Mário Penna e o H. Lee Moffitt Cancer Center and Research Institute, localizado em Tampa, nos Estados Unidos. A parceria prevê a transferência da tecnologia envolvida no desenvolvimento de uma ferramenta de decisão clínica denominada EMMA – “Ex vivo Mathematical Malignancy Advisor” -, que permite saber a resposta de até 31 fármacos dentro de 5 dias após biópsia de medula óssea.
“Essa abordagem vem sendo cada vez mais utilizada em ensaios clínicos e tem apresentado resultados promissores até o momento, demonstrando que existem possibilidades quando as opções de tratamento padrão foram esgotadas”, explica a Pesquisadora Carolina Melo.
A transferência da tecnologia entre as instituições se dará por meio do compartilhamento de protocolos, da permissão de acesso aos algoritmos de análise e do intercâmbio de pesquisadores entre as instituições. O projeto servirá como o início de uma importante parceria internacional para o estado de Minas Gerais no desenvolvimento deste e de futuros estudos sobre câncer. O Moffitt Cancer Center faz parte de um grupo de elite de Centros Integrados de Câncer designados pelo Instituto Nacional de Câncer (NCI) dos Estados Unidos, e conta com especialistas clínicos e pesquisadores renomados.
Para a implementação da plataforma no Mário Penna será realizado um projeto piloto utilizando amostras de pacientes com Leucemia Mieloide Aguda, em parceria com o serviço de Hematologia da instituição. Segundo Dr. Robert Emídio, médico hematologista e coordenador desse setor, geralmente, o tratamento desse tipo de câncer é feito por meio da quimioterapia e do transplante de medula óssea. Entretanto, nos últimos anos, a indústria farmacêutica tem desenvolvido vários novos medicamentos que podem ser utilizados para tratamento.
“Essa é uma doença heterogênea, que nem sempre se apresenta com as mesmas características em todos os pacientes. As taxas de resposta podem ser diversas e a resposta à terapia pode não acontecer conforme o esperado. Predizer a resposta antes de iniciar o tratamento é um excelente modo de tentar prever esses desfechos”, finaliza Dr Robert.
Dra Carolina Melo | PhD em genética humana e Pesquisadora do Instituto Mário Penna – Ensino, Pesquisa e Inovação.
Dr. Robert Eduardo Emídio | Médico e Coordenador do Serviço de Hematologia do Instituto Mário Penna