Durante Julho Verde, mês de conscientização sobre os cânceres de cabeça e pescoço, não poderíamos deixar de falar sobre o Coral dos Laringectomizados do Instituto Mário Penna, que é acompanhado por uma equipe multidisciplinar, com o apoio da Diretoria de Humanização do Instituto. O grupo é formado por 12 integrantes, acompanhados por dois músicos voluntários, que ao teclado e saxofone engrossam o poderio musical do grupo.
Os integrantes do coral passaram por cirurgias para a retirada da laringe que afeta diversas de suas funções, conforme explica o médico e coordenador do Serviço de Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Instituto Mário Penna, Lorenzo Testolin. “Os pacientes submetidos à laringectomia total sofrem uma desconexão da via aero-digestiva. Alimentam-se pela boca, mas respiram por um orifício, o traqueostoma, na região anterior do pescoço. Dessa forma, não conseguem mais falar de forma habitual”, disse.
Antônio Carlos da Silva, de 64 anos, passou pelo procedimento de laringectomia total. Após assistir a um vídeo da apresentação de um coral de laringectomizados de outro estado, Antônio Carlos, que é músico autodidata, sugeriu a criação do coral no Instituto. A iniciativa tornou um estímulo para vencer as dificuldades: “O coral modificou tudo em minha vida, é onde sinto prazer de estar, me sinto seguro e alegre, sinto mais vida”, afirma.
Entenda a Laringectomia
Após a Laringectomia Total há uma alteração dos mecanismos de condução do ar até os pulmões. Na respiração do laringectomizado total o ar entra pelo traqueostoma, que é um orifício feito por cirurgia no pescoço. Na expiração, o ar sai dos pulmões e passa novamente pelo traqueostoma.
Assim, na respiração do laringectomizado total não há passagem de ar pela boca, o que torna independente a via digestiva (por onde passa a comida) das vias respiratórias (por onde passa o ar).
A laringectomia total acarreta a perda da voz laríngea. Contudo, isto não significa a perda da fala ou da linguagem. A reabilitação vocal é possível através da voz esofágica, que substitui a voz laríngea usando a via digestiva para produzir o som, ou através da utilização de próteses fonatórias.