É preciso conversar sobre o câncer de próstata não só hoje, no dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata, mas todos os dias. A doença é a segunda que mais mata os homens brasileiros, ficando atrás apenas do câncer de pulmão. A doença também é o segundo tipo mais comum entre os homens, perdendo apenas para o câncer de pele não melanoma.
Segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA), a doença acomete cerca de 1 a cada 6 homens ao longo da vida. Referência no atendimento oncológico no país, o Instituto Mário Penna registrou mais de 2.800 novos casos de pacientes com câncer de próstata nos dois últimos anos. Os exames para detecção da doença foram mais de 5.380, sendo 4.949 PSA e 434 biópsias guiadas por ultrassom transretal, todos pelo SUS e no período de janeiro a outubro deste ano. Já em relação ao tratamento foram mais de 4.300 pacientes com câncer de próstata atendidos na quimioterapia, de janeiro a outubro deste ano, e mais de 11.280 aplicações de radioterapia realizadas pelo SUS na instituição neste mesmo período.
Em todo o país, o INCA estima que irão surgir mais de 68 mil novos casos da doença. “Os fatores de risco são muito inespecíficos. Por isso, é importante manter as consultas periódicas ao urologista e hábitos de vida saudáveis”, alertou Dr. André Salazar, Urologista do Instituto Mário Penna. De janeiro a outubro deste ano, o Instituto Mário Penna realizou mais de 4.200 atendimentos pelo SUS na área da urologia. No entanto, o preconceito e o medo ainda são os maiores impedimentos para que homens sigam a recomendação do Dr. André Salazar de consultar periodicamente com um médico urologista.
Foi o caso do senhor Luiz Matiello, 79 anos. Após uma consulta de rotina no posto de saúde, o médico pediu o exame de PSA e ele demorou mais de um ano para fazer. “Eu não sentia nada, não sentia dor nenhuma e por isso fui deixando para depois. Até que comentei com o meu filho e ele insistiu para que eu fizesse. Fiz o exame e deu uma alteração, o médico pediu uma biópsia e tem 15 dias que confirmou o câncer de próstata”.
Considerado um câncer da terceira idade, cerca de 75% dos casos no mundo de câncer de próstata ocorrem a partir dos 65 anos. O senhor Jovelino Pereira da Silva, 67 anos, faz parte dessa estatística. Periodicamente ele consulta com o urologista e no intervalo de um ano para o outro, ele descobriu a doença. “Eu não sentia nada, mas todo ano ia no médico. Então, quando descobri o câncer estava bem no início e consegui operar, fiz 31 sessões de radioterapia e hoje estou bem, apenas fazendo acompanhamento. A doença tem cura, mas tem que cuidar. Infelizmente perdi quatro colegas porque não procuraram o médico a tempo”, alertou.
Câncer de Próstata
O câncer de próstata é uma patologia que acomete um importante órgão do sistema reprodutor masculino, a próstata. É bastante frequente e se relaciona ao hormônio testosterona. Normalmente, nas fases iniciais, a doença não causa sintomas, daí a importância da consulta urológica mesmo sem estar sentindo nada.
Nas fases mais avançadas, com acometimento dos ossos, pode ocorrer dores pelo corpo. A obstrução para urinar pode ocorrer pelo crescimento benigno da próstata, que não é câncer, ou pelo câncer nas fases mais avançadas.
O diagnóstico da doença é feito por meio dos exames clínicos como o de PSA (medido no sangue) e o exame físico (toque retal). A partir dessas informações, o urologista avalia a necessidade de se obter um exame mais elaborado, como ressonância da próstata ou uma biópsia guiada por ultrassom transretal.
Novembro Azul
Em novembro de 2003, surgia na Austrália o movimento Movember — união das palavras em inglês Moustache (bigode) e November (novembro) —, quando homens deixaram crescer o bigode para chamar atenção à saúde masculina e fazer um alerta sobre o câncer de próstata.
Novembro foi escolhido como mês oficial de conscientização da doença justamente porque no dia 17/11 é o Dia Mundial de Combate ao Câncer de Próstata. O “azul” veio da cor oficial usada como símbolo de combate à doença.