De acordo com o Ministério da Saúde, em três anos, a vacinação contra o HPV (Papilomavírus Humano) entre meninas de 9 a 14 anos caiu 11,27%, enquanto nos meninos da mesma faixa etária, a queda foi de 9,39%. Enquanto em 2019 a vacinação para o sexo feminino cobria 87,08% do público-alvo, a porcentagem de meninos vacinados era apenas de 61,55%. Essa redução e diferença entre as coberturas vacinais aciona um risco para o aumento de casos do HPV e, consequentemente, de câncer de colo de útero, que poderiam ser evitados.
O HPV é uma Infecção Sexualmente Transmissível (IST) que afeta tanto homens, quanto mulheres. Ele infecta a pele ou mucosas, podendo também desencadear quadros mais graves, como o câncer de colo de útero.
O Instituto Nacional do Câncer (INCA) analisa que “80% das mulheres sexualmente ativas são contaminadas com esse vírus em algum momento da vida”. Entretanto, em alguns casos, ele é eliminado de forma natural pelo organismo, sem manifestar sintomas. Se o vírus permanecer no organismo e causar lesões, elas precisam ser tratadas para evitar o agravamento do caso e o desenvolvimento do câncer de colo de útero.
Sintomas
Em caso de permanência do vírus no corpo, a manifestação de sintomas pode ser silenciosa e demorada. As lesões podem ser imperceptíveis a olho nu, exigindo a necessidade de exames clínicos para identificá-las. Os sintomas podem aparecer de forma rápida, em poucos meses, ou até mesmo 20 anos após a infecção.
Transmissão e prevenção
A transmissão do HPV ocorre por meio das relações sexuais, seja vaginal, anal ou oral. Logo, uma das formas de prevenção é o uso de preservativos internos ou externos. Porém, essa medida não garante a proteção máxima por não cobrir todas as partes do corpo que podem ser infectadas pelo vírus.
Vacinação contra HPV
Como forma de prevenção, mais de 120 países oferecem a vacina. No Brasil, o Sistema Único de Saúde (SUS) implementou o imunizante no calendário em 2014, disponibilizando-o gratuitamente para o público-alvo desde então. O Ministério da Saúde tem como meta vacinar pelo menos 80% da população alvo do país para reduzir a incidência deste câncer nas próximas décadas.
O público-alvo consiste nos jovens de 9 a 14 anos devido à alta eficácia da vacina nessa idade, por induzir com mais ênfase a produção de anticorpos.
Quem deve vacinar?
- Meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos com duas doses
- Mulheres e homens de 15 a 45 anos vivendo com HIV/Aids, transplantados e pacientes oncológicos com três doses
Dra. Sidnéa Macioci, Ginecologista Oncológica do Instituto Mário Penna, ressalta que para mulheres sexualmente ativas, é recomendado fazer o exame preventivo de forma regular. “Mesmo as mulheres vacinadas deverão fazer o Papanicolau periodicamente, pois a vacina não protege contra todos os tipos oncogênicos do HPV”.
O INCA recomenda que mulheres na faixa etária de 25 a 64 anos e que já tiveram atividade sexual devem fazer o exame no mínimo a cada 3 anos.
O que pode aumentar o risco de permanência do HPV no organismo?
- Ter vários parceiros sexuais
- Parir muitos filhos
- Baixa imunidade
- Fumar
- Usar pílulas anticoncepcionais por mais de 5 anos
O INCA explica também que “a maioria das infecções por HPV em mulheres com menos de 30 anos regride espontaneamente, ao passo que, acima dessa idade, a persistência é mais frequente”.
Campanha Março Lilás
Durante o mês de Março, o Instituto Mário Penna tem como objetivo conscientizar a população sobre a importância da prevenção e do diagnóstico precoce do câncer de colo de útero. Este ano, a campanha vem com o tema “O autocuidado nunca sai de moda”.